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Hoje de manhã eu caí nesse link do Nó de Oito falando sobre comédias românticas que apresentavam péssimos mocinhos em suas tramas – sem percebermos eram caras manipuladores, transgressores, abusivos de alguma forma. Obviamente eu assisti – e amei – quase todos os filmes da lista, ahahahahah.

Mas fiquei pensando nisso. O quanto a gente absorve esse discurso (da família, dos amigos, da mídia, de quem for) que deturpa nossos valores e nos faz ver com bons olhos os mais terríveis comportamentos.

Por isso hoje eu compartilho com vocês o que talvez seja o pior 1º encontro que já tive.

Tã tã tã.

[Só para deixar claro, essa história aconteceu em Curitiba-PR, há muitos anos.]

Eu conheci o sujeito na Biblioteca Pública (eu tinha uma queda por homens rodeados por livros, ahahahahah) e depois de muitos dias de conversa, em que ele pareceu normal em todos, aceitei sair com ele.

Marquei no Museu do Olho, por que tinha uma exposição que queria espiar. Ele já reclamou do lugar. Ok. Durante o passeio no museu, eu queria prestar atenção nas obras, e ele tentava toda hora me beijar ou andar de mão dada comigo. Meu “sentido aranha” disparava cada vez e eu me afastava o máximo que eu podia. Eu não sei nem dizer o porquê, mas a saída com ele pareceu errada desde o começo.

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Eu tava mais ou menos assim…

[Vejam, eu senti que tinha algo errado, porque não fui embora? Eu tenho muito isso de não parecer mal-educada, de saber “meu lugar e meu papel” e fiquei. Eu devia ter ido. Confiem no “sentido aranha” de vcs, ele não mente.]

Daí fomos para o Shopping Mueller. No caminho e enquanto ficamos no shopping, a atitude dele mudou e agora ele dizia que eu tinha problemas, que eu era fria, distante, indisponível e insensível (mas que “ele via que eu ainda tinha a capacidade de amar no meu coração”). SAY WHAT???? Quem diz isso na primeira vez que sai com alguém? Bom, ele disse. E várias outras coisas que não valem ser repetidas aqui.

Quando mais moço, ele tinha entrado para um seminário, ia ser padre. Desistiu. Mas a fé parece nunca ter abandonado aquela pessoa, pois ele me garantiu várias vezes que Deus me salvaria. Não sei do quê exatamente. Podia ter sido dele.

Vocês percebem o que acontece aqui????

Eu não percebi na época.

No fim, eu já estava exausta daquele ser e resolvi pegar o ônibus pra ir embora. Ele pegou o mesmo ônibus que eu, ainda que não morasse nem perto de mim (outro sinal de alerta). E dentro do biarticulado, acreditem, ele começou a entoar cânticos religiosos, enquanto tentava acariciar minha cabeça (O_O)… Todo mundo olhou pra ele e eu não sabia onde enfiar minha cara de vergonha, enquanto tentava me desvencilhar de tudo aquilo.

Logo que cheguei em casa, resolvi contar pras minhas amigas o que tinha acontecido. Na época eu tinha outro blog (já tive uns tantos) e escrevi lá sucintamente o que tinha se passado. Acho que umas 5 pessoas liam aquilo, porque era meio pessoal e eu não divulgava pra ninguém.

Só que ele me procurou on-line. E achou o post. E os próximos dias foram um inferno. Ele ficou bastante indignado comigo e deixou um comentário me xingando e dizendo que eu não prestava mesmo. Depois achou meu Orkut (a história se passa in a galaxy far, far away, with no facebook), e todo dia ele deixava um depoimento falando mal de mim. Todo. Dia. Mas não só. Ele disse que ia descobrir meu endereço, viria atrás de mim, ia “me pegar” (e não vejo nenhuma situação em que isso seja em um bom sentido). Ele ainda achou o orkut da minha melhor amiga e começou a ameaçar ela também (se era minha amiga, devia prestar tanto quanto eu, não é?), falando que ia aparecer na casa dela, que ia se vingar…

Eu lembro que foram dias em que eu fiquei com medo. Medo de verdade. De sair de casa e dar de cara com ele. De encontrá-lo em algum lugar, de ele me machucar, ou pior, machucar a minha amiga, cujo único pecado cometido tinha sido a péssima escolha de amizades.

Finalmente, depois de vários dias, ele parou. (Ao menos de ameaçar; ele começou a me xingar em todo post que eu escrevia no blog, por isso dei um tempo de postar por lá. Também parei de ir à Biblioteca Pública e evitei alguns trajetos que podiam, sem querer, dar margem para um novo encontro com ele).

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Essa juventude pouco instruída, né, Sam… Como lidar?

Vejam, eu, por muito tempo, só achava esse cara esquisito. UM CARA QUE AMEAÇA, XINGA, DESTRATA… E EU SÓ ACHAVA ESQUISITO (eu cheguei a cogitar que tinha algo errado comigo pra ser tratada assim). Não era só isso, era muito pior, era muito mais. Quantas amigas contam situações em que algo semelhante aconteceu – no começo tá tudo bem, o cara é super legal, e daqui a pouco ele vira um megacontrolador, inquisidor da sua vida, enfim, um especialista em diminuir sua existência.

Isso não é bonitinho. Não é sinal de amor, de carinho, de preocupação. É de machismo, é de transtorno, é de violência, é de uma série de coisas que não podem e nem devem ser nomeadas erroneamente. Principalmente porque palavras muitas vezes amenizam ou minimizam situações que, ao contrário, devem ser rotuladas, conhecidas, externadas – para que possam ser evitadas e combatidas.

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